Uma música antiga falava mais ou menos assim “... quando será/ o dia da minha sorte/ sei que antes da minha morte/ sei que este dia chegará/...”. Eu comecei a cantá-la para sair da morte, para reviver, teimosamente, dedilhando um cavaquinho que não me obedecia bem, mordido por centenas de mosquitos em um paupérrimo quarto de pensão.
Muitíssimos anos se passaram e eu tive inúmeros dias de muita sorte na minha vida, e nem tantas mortes mais. Mas quando se achega de novo algo assim como uma nuvem depressiva, essa música simples, um samba meio acaipirado, se bem me lembro, entra teimoso e bem-vindo em meu quartel racional, me fazendo sorrir.
Uma grande diferença era que naquele tempo, junto como o cavaquinho e os insuportáveis mosquitos, acompanhava-me uma cana brava, quase álcool puro, que eu trazia das terras catarinenses, do sertão do Macacú, em Garopaba, terra abençoada que hoje abriga meus filhos e netos.
Lupicínio, Cartola, Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça, Clementina de Jesus, eram meus amigos de dor-de-cotovelo. Suas músicas pairavam sobre o meu “eu morto”, colocadas por uma parte viva de mim mesmo que se recusava a apodrecer de vez. Embora para mim esse tempo me pareça como uma vida passada, não me despeço jamais desses músicos e compositores. São majestades de sabedoria popular, necessárias para ajudar nas doenças da alma, pois tem um raro talento de manter uma pequena luz ou esperança em meio aos palcos de lama, quando atores que somos podemos decair dos palcos mais bem posicionados da misteriosa Vida para os palcos de segunda categoria, como também imortalizou em versos o autor de Ébrio, Vicente Celestino.
Meus palcos hoje são outros, reconheço, mas como o pobre que se deu bem na vida e jamais esquece as suas origens, sei que olho o mundo com olhos diferentes. Não sinto saudades da fossa, mas olho com respeito cada lição vivida sofrida e gozada. Uma semente vai ser uma determinada árvore de acordo com a terra, a chuva, os ventos ou a seca com a qual foi brindada. Será mais bela, ou mais rústica, meio anã, mais medrosa ou mais valente, de acordo com as suas experiências, seus tropeços e vitórias. A árvore que sou traz muita lama e bosterio, como se diria em minha terra natal, mas também tem vento forte, tradição de liberdade e uma fé inquebrantável no Deus que cada um é.
Muitíssimos anos se passaram e eu tive inúmeros dias de muita sorte na minha vida, e nem tantas mortes mais. Mas quando se achega de novo algo assim como uma nuvem depressiva, essa música simples, um samba meio acaipirado, se bem me lembro, entra teimoso e bem-vindo em meu quartel racional, me fazendo sorrir.
Uma grande diferença era que naquele tempo, junto como o cavaquinho e os insuportáveis mosquitos, acompanhava-me uma cana brava, quase álcool puro, que eu trazia das terras catarinenses, do sertão do Macacú, em Garopaba, terra abençoada que hoje abriga meus filhos e netos.
Lupicínio, Cartola, Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça, Clementina de Jesus, eram meus amigos de dor-de-cotovelo. Suas músicas pairavam sobre o meu “eu morto”, colocadas por uma parte viva de mim mesmo que se recusava a apodrecer de vez. Embora para mim esse tempo me pareça como uma vida passada, não me despeço jamais desses músicos e compositores. São majestades de sabedoria popular, necessárias para ajudar nas doenças da alma, pois tem um raro talento de manter uma pequena luz ou esperança em meio aos palcos de lama, quando atores que somos podemos decair dos palcos mais bem posicionados da misteriosa Vida para os palcos de segunda categoria, como também imortalizou em versos o autor de Ébrio, Vicente Celestino.
Meus palcos hoje são outros, reconheço, mas como o pobre que se deu bem na vida e jamais esquece as suas origens, sei que olho o mundo com olhos diferentes. Não sinto saudades da fossa, mas olho com respeito cada lição vivida sofrida e gozada. Uma semente vai ser uma determinada árvore de acordo com a terra, a chuva, os ventos ou a seca com a qual foi brindada. Será mais bela, ou mais rústica, meio anã, mais medrosa ou mais valente, de acordo com as suas experiências, seus tropeços e vitórias. A árvore que sou traz muita lama e bosterio, como se diria em minha terra natal, mas também tem vento forte, tradição de liberdade e uma fé inquebrantável no Deus que cada um é.
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